Abriu os olhos e levantou-se da cama com o intuito de se despachar rapidamente. Lá fora o sol nascia nas ruas de Viena, cidade cheia de história e magia. A sua irmã já esperava por ele, que nunca conseguia chegar a horas. Tinham combinado tomar o pequeno-almoço nesta manhã de Sábado.
Saiu á rua com menos roupa do que devia, pois estava um tempo gélido de Novembro. Pelo caminho viu dois Anjos, alguém iria morrer e ser transportado para o 'outro mundo', um mundo melhor segundo se dizia. Robert não acreditava nisso. Para ele não havia um mundo melhor do que este em que habitava a sua magra pessoa, de barba negra por fazer e cabelo que ultrapassava por pouco as orelhas. O mundo de Robert é igual ao nosso, excepto no facto de que existem Anjos que levam as pessoas para a 'morte'. Quando um Anjo se aproxima perante uma pessoa significa que essa pessoa tem no máximo vinte e quatro horas de vida, sendo impossível escapar ou impedir a sua morte. O Anjo não fala, não esboça um sorriso, apenas pega no corpo e parte em silêncio. Muitos pensaram já em matar o Anjo antes que morressem, contudo, quem matar um Anjo morrerá logo de seguida. Porém, é dito que os Anjos apenas levam as boas almas, para um lugar melhor do que as outras, mas é apenas expeculação e o Anjo nada expressa.
Percorrria as ruas principais, levando o cigarro à boca demasiadas vezes. Depois de vinte cinco minutos a andar, chegou finalmente ao seu destino. A irmã esperava-o já sentada no exterior do café.
Após um longo abraço, Catherine contou ao irmão todas as suas novidades, iria ser mãe. Robert não se aguentou em lágrimas e festejou como um louco. A sua 'pequena' irmã, já tão crescida iria ser mãe.
Depois de uma hora de conversa, ouviram-se alguns gritos ao fundo da rua. Era um Anjo que descia do céu. Para onde iria ele? Era difícil descrevê-lo, usava roupa humana e não parecia objectivamente masculino nem feminino, talvez uma mistura dos dois, mas era belo, com as suas longas asas brancas.
Subitamente, o pavor, horror, medo, angústia e pânico apoderaram-se de Robert! Não podia ser, tudo menos isto! O Anjo tinha parado sobre a sua irmã! Esta, pouco reagiu, limitou-se a deixar escorregar algumas lágrimas pela cara. Robert questionava-se sobre o que deveria fazer. Sabia que se matasse o Anjo morreria ele, sendo que amanhã poderia aparecer outro para levar a irmã. Mesmo que fugissem o Anjo iria sempre atrás. Não havia solução...a sua irmã tinha no máximo vinte e quatro horas para viver.
Abraçaram-se longamente e de forma imensamente sentida. Como viver as últimas horas de uma vida?
As últimas horas de Catherine foram passadas com amor. Encostada ao ombro do seu irmão, olharam os dois o rio durante várias horas, sem exprimir qualquer palavra. Não era necessário.
Estava morta. Tinha morrido no seu ombro de forma calma e tranquila.
O Anjo pegou no corpo e desapareceu para o além.
Robert prometeu então a si mesmo que iria viver uma vida correcta, de forma a também ele ser levado por um Anjo e encontrar a sua irmã.
Dedicado a todos os que perderam um/a Irmão/ã.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
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