
O filme "Remember Me" de Allen Coulter não é um romance. Existe romance, mas não é o centro do filme. Ao contrário do que seria de esperar num filme deste género, a história avança intensificando os personagens e as suas relações, em vez do habitual carrossel de personagens vazias, que costumam acompanhar a história como se isso fosse assim tão natural.
"Remember Me" é um drama familiar, que incide sobre todos os dramas familiares a que estamos habituados, mas tudo de forma genuína, sem ser necessário recorrer ao amor do tipo príncipe - princesa, ou a perdas trágicas e actos heróicos. Neste filme, somos presenteados com a naturalidade da vida, as suas consequências, os seus actos de natureza humana e natural. Há miséria, há amor, há paixão, há ódio, há solidão, há desespero, há revolta. O personagem de Robert Pattinson é tudo isto. Um ser humano destruído que consegue voltar a criar uma motivação pessoal para viver.
A relações explicitas no filme são bastante reais, bastante crediveis de se estarem a passar na casa ao lado da nossa. O personagem de Pattinson é o mais profundo do filme. A sua relação com a irmã espelha uma realidade comum, tendo em conta a tragédia que se passou na sua família. A relação com o pai é tempestuosa e similar à de milhões de pessoas, sendo que Pierce Brosnan absorve toda a intensidade de um pai distante da sua família, mas com um grande amor por esta.
A relação amorosa do filme é a mais fraca, talvez por tentar ser o núcleo do filme, mas nunca conseguir. Cada personagem tem um passado próprio, envolto em tristeza e desilusão. Cada personagem desenvolve-se naturalmente ao longo do filme, sem ser necessário haver uma mudança brusca de narrativa. Contudo, a relação amorosa falha, sendo o único ponto fraco a apontar.
"Remember Me" não é um filme de amor, é um filme que gira em torno de situações humanas, situações essas que acontecem na vida real tal e qual como estão ilustradas na tela, sem "magia", sem hérois, sem histórias da carochinha.
É bom surpreender-me num filme deste género. Uma bonita forma de nos lembrarmos dos nossos irmãos, pais, amigos e namorados, sem o habitual sentido cliché, sem o esforço sentimental, sem o estereótipo disfuncional da realidade.
Um comentário:
Ando para vê-lo. Quando o vir certamente voltarei a comentar este post, com mais matéria e experiência para o criticar!
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