terça-feira, 31 de março de 2009

Sociedade Versus Genius.

Há pessoas que, por determinadas caracteristicas, são seres humanos superiores. Ou possuiem uma enorme sensibilidade humana, capaz de absorver todas as emoções no seu estado perfeito e traduzi-las para a vida comum, ou são génios em factos especificos da vida, como arte, cultura ou ciência.

Na minha vida tive(tenho) a felicidade de conhecer algumas pessoas assim. Sei que os génios do passado nao foram também totalmente apoiados, e mesmo assim permaneceram, talvez por isso sejam hoje, muitos anos depois, considerados génios. Porém, há uma total incapacidade da sociedade actual em absorver estes referidos génios, ou pessoas com capacidades diferentes.

A sociedade pára o desenvolvimento humano, estereotipa-o, não deixando que a evolução natural tome conta das pessoas.

Conheço quem tenha uma capacidade humana tão enorme, que sendo reconhecida de outra forma figuraria num topo elevado de ser humano, podendo ensinar muita coisa às pessoas, aos leigos. Conheço quem tenha uma capacidade artistica de um nivel elevadissimo, em várias artes.
Tudo isto é menosprezado pela sociedade.

A sociedade não gosta de quem não consegue controlar, e as emoções e tudo o que advenha da arte são incertas e instaveis, logo prejudiciais ao ser humano( do ponto de vista social). É por isso que o chamado ‘comercial’ é tão limitado. Será que é comercial aquilo que é mau porque as pessoas no geral têm mau gosto? Ou será que é por ser algo pouco nocivo para o controlo da sociedade?

Há formas de ver a realidade e há realidades que transformam essas formas(visões).
Está a acontecer uma morte da cultura e da arte face à pragmatização da geração de pessoas que nao possuíam a total liberdade(anteriores ao 25 de abril), em que tudo era baseado na repressão. Isto porque querem que os filhos sejam aquilo que eles não foram, que trabalhem e estudem, que sejam apenas mais um estereotipo da sociedade.

Vale a pena seguir um caminho sempre certo, sempre igual até ao final da vida, ou valerá mais arriscar em busca de um sonho e de uma realidade absolutamente apaixonante?

Face a tudo isto, o argumento de que quem tem boas notas é que é inteligente, só demonstra o quanto baixo a sociedade desceu, o quanto o estereotipo venceu o génio, e o quanto condenado está aquele que por razão natural é alguém com capacidade de inspirar milhões.

terça-feira, 10 de março de 2009

Igualdade

Há pouco tempo houve um debate no programa 'Prós e Contras' sobre a validade/aprovação do casamento civil homossexual.
A pergunta que coloco é, há mesmo necessidade de tal debate?
Vejamos:
-a homossexualidade existe, históricamente comprovada, desde praticamente o início da humanidade até à actualidade. Não é um 'fenómeno recente', nem inventado por alguém de livre vontade.
-a pessoa não escolhe a sua sexualidade, é algo interior ao próprio ser humano, que se desenvolve com ele, tanto a hetero como a homossexualidade.
-ser homossexual ou não, não coloca a pessoa num patamar superior, nem tem interferência para ser melhor ou pior pessoa.
-a homossexualidade é uma minoria face à heterossexualidade, é um facto objectivo, porém sendo uma minoria nunca pode ser 'pisada'. Não se discrimina alguém por ter olhos azuis, e existem menos pessoas com olhos azuis do que castanhos. Não se discrimina alguém por gostar apenas de música jazz. E porque gosta essa pessoa dessa música? Pode até não ter tido uma influência directa, ter sido algo da própria pessoa, construído por ela.
-não há, claro, diferenças em ser ou não homossexual excepto no facto de se gostar de seres do mesmo sexo, porém este dado não é objectivo para estragar um 'lar' ou não poder constituir familia. Porque raio não pode um casal homossexual adoptar uma criança? Estando esta entregue a um local de acolhimento com piores condições humanas e sociais?
Existe uma clara repressão da sociedade, que é cada vez mais ridicula a cada segundo que passa.
Numa sociedade com a mentalidade actual, onde continuam a reprimir as crianças com pais homossexuais, nunca pode existir evolução, quando não aceitam os próprios principios primários da igualdade.
A homossexualidade é tão natural quanto a heterossexualidade. Por ser uma minoria é discriminada e pisada, só porque choca demasiado a sociedade.
Direitos iguais? Sem dúvida.
Há coisas estranhas, e uma delas é a não aceitação equitativa da homossexualidade.
E não, não sou homossexual.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Setúbal

Tive hoje a oportunidade de 'escutar/participar' numa tertúlia sobre a cidade de Setúbal.
Discutiram-se as artes, história, pessoas, actualidades e passados distantes, o futuro, sonhos e realidades concretas.
Não sou partidário, mas claramente não me identifico com a direita pura, contudo nem com a esquerda genuína. Sou um misto racional de várias realidades, um canhoto não na fase total.
Setúbal é sem dúvida uma periferia, e como tal, Lisboa está muito distante a todos os níveis(e vai sempre estar). Podem dizer-me que Almada está a meia dúzia de metros da capital, e por isso está tão evoluída culturalmente, porém este é um erro apenas para os mais distraídos ou desconhecedores da realidade. Almada tem uma Câmara Municipal fantástica, que tem vindo a dinamizar ao máximo as potêncialidades da cidade ao longo dos últimos anos. Potêncialidades essas, diga-se, muito inferiores às de Setúbal.
Não é por ser setubalense, não estou a ser de modo algum tendencioso, contudo, Setúbal tem, sem a minima dúvida, uma das maiores matérias primas culturais do País! Tal como foi dito esta noite, parece que há algo nesta cidade que ilumina creativamente a população. Podemos não falar apenas a este nível, porque a nivel ambiental temos tanto mais, Arrábida, Troia e Estuário. Temos o peixe, os golfinhos, a música, o teatro, o cinema, a dança. A questão é que temos tanto para dar e nada para fazer dar! E é este o principal problema. Há matéria prima, há condições, há amor e paixão e sem dúvida alma(veja-se com o Vitória, por exemplo). Não há então o dito empurrão, a manivela para fazer tudo andar.
A Câmara é sem dúvida a responsável, não há como criticar quem daqui foge, fogem bem e com razão, Setúbal não deixa ser amada, destrói.
Em Lisboa, onde estudo, não há dia que não explicite o quanto Setúbal tem de belo, as gentes e as terras, refiro também que não existem apoios e é por isso que estamos no fundo.
Mudança? Não sei bem como, só com mudança de Câmara, para alguém dinâmico que faça tudo andar. Ponham a vista em Almada, que tem tanto menos e é agora tanto mais.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

and death shall have no dominion

'and death shall have no dominion'

primeiro funeral. de alguém muito próximo. não me custou tanto porque era algo esperado. custou-me mais ver o sofrimento dos próximos, das boas pessoas.
percebi que um funeral é o acontecimento onde toda a gente próxima, e não próxima do falecido se juntam. Se for uma festa de anos há muita gente que não pode ir, mas num funeral todos pode, ninguém trabalha.
Enquanto vivos continuamos a faltar à vida dos nossos, mas quando morrem estamos lá, para prestar a tal homenagem de que falam. Não sou a favor de homenagens póstumas. Acho que as homenagens se fazem enquanto as pessoas estão vivas, porque depois nada mais há, apenas memórias e essas não têm sentimentos, nem reagem.
Não tenho religião, e apesar de concordar com alguns valores da igreja católica, acho tudo o resto uma ficção descomunal. Não tenho por isso fé? Errado. Tenho-a, mas é em mim mesmo, uma força perante mim e as minhas pessoas, não por alguém que nunca conheci e da qual questiono imensa coisa.
Neste caso, neste momento, a morte foi a melhor solução. Ficam as memórias, as homenagens e os momentos. Foram bons e foram bem vividos, por isso considero-me satisfeito comigo mesmo.
Madrinhas e Padrinhos é algo que só se tem um de cada, mas a morte não encerra a 'função'.
Madrinha de agora e Madrinha de sempre.

'and death shall have no dominion'











quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Adeus à vida

Primeira 'Curta'. Primeira brincadeira com a câmera. Peço desculpa pela qualidade, mas a culpa é do usb e da minha preguiça por melhorá-la.





Última caminhada pela vida de um Rapaz, na qual as pessoas mais importantes da sua vida se vieram despedir, antes que este chegue ao Paraíso.

Poema:
E ser-se novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!

E os meus dezoito... (Sou tão novo!)
Dizem baixinho a rir: «Que linda a vida!...»

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Os Melhores do Ano 2008


1- We Own The Night- James GrayMelhor filme de 2008. Fenomenal interpretação de Joaquin Phoenix, que uma vez mais este ano lida com a perda de alguém da sua familia(para o personagem). Mark Whalberg tem também uma grande interpretação, demonstrando que está ao nivel do que fez em "The Departed". História de prender do inicio ao fim, realização sufocante e magnifica, personagens humanamente desenvolvidos, banda sonora fascinante e um final glorioso, fazem deste ' We Own the Night' o merecido vencedor de 2008, traduzindo-se assim numa obra para ver e rever, seja qual for o estado de espirito.


2- There Will Be Blood- Paul Thomas AndersonNão há muito a dizer desta obra-prima, é sem dúvida isso mesmo, uma obra-prima, com uma banda sonora excepcionalmente arrepiante, uma realização medida e perfeita, relações humanas extraordinárias e uma interpretação que ultrapassa o ser humano(Daniel Day-Lewis).
'There Will be Blood' é dos melhores filmes dos últimos anos, e um exemplo de cinema no seu expoente máximo.


3- Reservation Road- Terry GeorgeA surpresa do ano, por não ser um favorito. Podemos começar a falar das interpretações. Joaquin Phoenix tem aqui uma das melhores interpretações dos últimos anos, um pai que perdeu um filho de forma trágica e quer repôr justiça pelas próprias mãos. Jennifer Connelly tem aqui um dos melhores papéis da sua carreira, em que através de uma mãe em puro desespero, consegue comandar a sua própria familia contra a dor e o sofrimento do marido.
Filme que explora o limite do horror que é perder um filho e saber que essa perda foi causada pela irresponsabilidade de outro ser humano, alguém que anda por aí. Obra-Prima!



4- Before The Devil Knows You're Dead- Sidney Lumet
Interpretação incrivel de Ethan Hawke, e não menos brilhante de Seymour Hoffman. Dois actores que enchem o ecrã deste argumento espetacular, que atravessa os limites da sanidade mental de uma familia já corrompida pelos vicios da sociedade.
Brilhante realização de Lumet e pericia argumentativa Kelly Masterson.



5-Redbelt- David Mamet
Filme simples, mas complexo na sua simplicidade. Une a força interior de um homem, que luta contra a maré de dificuldades humanas, com a capacidade de criar um argumento tão perfeito que torna cada segundo deste filme uma delicia tanto visual como emocional.
Uma história brilhante e uma enorme interpretação de Chiwetel Ejiofor!



6- Wall-E
Humanizar um robô não é tarefa fácil, principalmente fora do estereotipo de aproximação lógica com o ser humano. Humanizar uma máquina é mais do que transforma-la numa réplica humana, é ascender a um nível superior ao do ser humano. Criar uma relação de amor entre dois seres incapazes de amar é ainda mais superior à humanização. Tudo isso é criado em 'Wall-e', de forma perfeita.
Todas estas características tornam 'Wall-e' num dos melhores filmes de animação americanos dos últimos muitos anos. Afinal a América ainda respira boa animação!




7- The Happening- M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan é um mestre do terror a que estamos pouco habituados. Podemos dizer que ele refez o género, introduzindo-lhe aspectos mais humanos e crediveis. Neste filme temos desde cenas chocantes a provas de humanidade extremas, tudo combinado de forma sufocante e delirante. Está longe de ser o melhor filme de Shyamalan, mas é sem dúvida um bom filme e com uma grande banda sonora.



8- The Darjeeling Limited - Wes Anderson
Wes Anderson dá seguimento ao estilo que o popularizou, contudo de forma menos conseguida que o seu filme anterior. História interessante e boa relação entre as personagens principais, tudo ao estilo de Wes Anderson.


9- Burn After Reading - Ethan Coen & Joel Coen
Comédia ao estilo inconfundivel dos irmãos Cohen. Não é uma obra-prima de humor, mas é tem sem dúvida vários momentos de risadas enormes, tanto pelas cenas completamente absurdas, ou pela idiotice extrema de cada personagem, devido ao bom argumento e à excelente caracterização dos principais actores. Um filme bastante divertido.



10- John Rambo - Sylvester Stallone
De forma simples e concisa, posso dizer que este John Rambo está um bom filme de entretenimento e acção, com boas sequências, filmado de forma competente e bem ao estilo de um filme de acção que pretende o mais simples, entreter, com sucesso.
A relembrar os antigos filmes de acção onde a violência não era medida, e bem.
Stallone fez bem em regressar.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A morte tudo aceita


Tinha a arma dentro da boca e o dedo no gatilho! Bastava uma pequena pressão e acabava tudo ali. Os objectos deixavam de existir, os países de serem países, os planetas de girar.
Para ela deixava tudo de ter razão. No seu Mundo as guerras deixavam de existir, apenas o silêncio, vazio de qualquer sentimento, iria habitar em si. Era isto que ela procurava, o verdadeiro silêncio, a verdadeira ceguêira. A sua mente, o mundo, não lhe permitia tal coisa. Parou! Voltou a guardar a arma. Apenas porque se lembrou dela, a sua razão e doença ao mesmo tempo.
Assumir perante todos que em vez de um namorado se tem uma namorada não é fácil, muito menos aqui. Não aguentava muito mais a pressão do Mundo sobre uma escolha que não tinha sido dela. Refutar tudo seria refutar a sua própria razão de ser, e dessa forma a morte seria mais agradável. Tentara já alcançá-la vezes de mais, contudo o amor que sentia pela pessoa do mesmo sexo fazia com que se sentisse mais forte neste Mundo.
Ao sétimo dia do quarto mês ali estava ela novamente, no cimo daquele prédio, mas desta vez acompanhada da sua vida, o seu amor.
Deram as mãos, sorriram e saltaram juntas.
Foi um salto tão cheio de vida e amor para a morte e a tristeza, no silêncio absoluto de um Mundo que nunca as negará.