segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Alice in Emoland

Abriu os olhos, virou se para a direita na sua cama redonda, e reparou nas horas, estava atrasada, como sempre, e como sempre levantou-se calmamente, dirigiu-se à janela do enorme quarto e bosejou de tédio por ainda se encontrar na mesma cidade. Odiava morar naquele local, e ainda odiava mais estudar no “Tokyo Academy”, onde era olhada de lado por ser uma estrangeira. Michael Ende, seu pai, havia sido convidado para ser o director de uma grande empresa em Tokyo, oportunidade para a familia Ende enriquecer.
Quando chegou à escola nessa manhã, Alice notou algo estranho, o habitual grupo de raparigas Emo não estava à sua espera para a insultar. Calmamente, Alice esperou que as tranquilas e monotonas aulas acabassem, porém, a meio do caminho para casa, a monotonia de mais um dia normal foi quebrada, a rapariga franzina, de cabelos castanhos escuros compridos, magra e com um estranho vestido rosa claro, fora abordada por um homem com um traje curioso, vestia uma T-Shirt de mangas vermelhas, preta no peito e nas costas e tinha um cabelo estranho, com uma franja avermelhada.
- Desculpa, desculpe, isto é para si – disse o estranho homem a Alice, sorrindo e entregando-lhe um caderno preto, sem qualquer indicação, Alice nem teve tempo de responder, pois o homem havia desaparecido como por magia...
Tinha chegado a casa, os seus pais não estavam, como era habitual. Sentou-se no longo sofá roxo e ligou a TV, estava a dar um documentário sobre a criminalidade Juvenil e a forma como a moda Emo contribuia para o mal-estar dos jovens, para fazer com que se sentissem rejeitados.
Alice decidiu abrir o caderno, poisou-o sobre a mesa da sala e abriu na primeira página. “Tudo o que for escreito neste caderno acontecerá, porém nada do que tenha sido escrito poderá ser eliminado”, Alice deu uma gargalhada enorme, e atirou o caderno para longe, “idiotice” pensara ela...
Deixou-se dormir no sofá, lá fora escurecia, a cidade enchia-se agora de luzes brilhantes e a vida nocturna iniciava-se.
Eram 19:45 quando Alice acordou, os seus pais ainda não haviam chegado, provavelmente outra reunião tardia...Deslocou-se à varanda e puxou de um cigarro, não devia fumar, contudo o vicío falava mais alto. Enquanto observava a monotonia da cidade, vestida ainda como de manhã, Alice lembrou-se novamente do caderno e esboçou um sorriso, apesar de toda a estupidez ligada ao referido objecto de papel, quem seria o sujeito que a abordara, e porque seria o caderno para ela? Talvez alguma partida de algum seu “amigo”. O cigarro ainda estava a meio, mas Alice já havia desistido dele. Tentada, apagou-o e abriu novamente o caderno, agora no seu quarto, forrado de estranhos posters, com desenhos seus, alguns abstractos, outros onde se desenhava a si própria. Pegou numa caneta e escreveu a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
Acima de tudo Alice odiava uma coisa, Emos, não que no geral fossem más pessoas, ou não fosse uma boa moda, mas os Emos que Alice conhecia odiavam-na, e como tal, ela odiava-os também. “Quero que se crie um mundo só para os Emos e que todos sem excepção vão lá parar”, isto foi o que Alice escreveu, porém tal como seria de prever nada aconteceu. Alice, sentindo-se idiota por estar a acreditar num caderno, escreveu uma última coisa, apenas por brincadeira... “Quero ir para o mundo dos Emos”. Após ter escrito tais palavras, Alice sentiu-se ainda mais idiota e atirou o caderno para o lixo, quase instantaneamente tocaram à porta, Alice apressou-se a ir abrir, deviam ser os pais!
Mal Alice abriu a porta, o seu coração quase que parou, à sua frente não estavam nem os seus pais, nem nada muito normal. Era a vizinha da frente, uma rapariga na casa dos trinta anos, vestida de modo estranho e a ouvir o seu Ipod, enquanto tricoteava a cabeça para os lados de olhos fechados, porém mal os abriu reparou que tinha tocado na casa errada e deu meia volta dizendo algo como “Gomenasai” repetidamente. Alice fechou a porta e foi-se deitar.
No dia seguinte, quando Alice acordara já os pais haviam saido, o habitual, era sábado, dia de ir à Galeria ouvir uns cd’s. Apanhou o metro à superficie e depois o eléctrico, Tokyo era uma cidade enorme, mas os transportes facilitavam a sua circulação.
Vestida com uns vans, calças de ganga e uma t-shirt rosa, Alice percorria a última rua antes da Galeria, fumando o seu habitual cigarro de fim de semana, sabia que fazia mal, mas sabia-lhe bem, até gostava e também ninguém a chateava para não fumar. Longe do seu pensamento estava o mítico caderno do dia anterior, no seu cérebro ele já não existia. Chegou à Galeria, estava cheia como era costume, enormes lojas de brinquedos tecnológicos enchiam o espaço. “Luzius Store” era a sua loja preferida de cd’s, o dono um homem por volta dos quarenta e três anos, era completamente alucinado por música e muitas vezes emprestava velhos cd’s a Alice. Ao entrar na loja pôde logo reparar num grupo de Emos que estava ao fundo. “Bah”, exprimiu Alice para si mesma, passando por eles. Enquanto estava a ver os cd’s de “Half-Moon”, entraram mais e minutos depois outro grupo de Emos. Em poucos minutos a loja encontrava-se cheia de Emos, e Alice no meio deles. Apressou-se a pagar o cd e a trazer mais alguns emprestados. Quando vinha para casa no metro, reparou que só se encontravam dois Emos com ela na carruagem...Alice sentiu-se estranha, como se estes a perseguissem, enfim coisas da sua imaginação.
Chegou a casa e ligou a TV, os seus pais não estavam, como de costume. Subitamente adormeceu, enquanto visionava um programa sobre Koalas. Acordou abruptamente com um bartulho vindo do seu quarto, apressou-se a chegar ao local e viu a porta do seu guarda-roupa fechar-se rapidamente. Alice era muito corajosa e caso fosse um ladrão não teria medo, enfrentá-lo-ia. Abriu repentinamente a porta e visionou tudo menos o esperado. Lá dentro não estava um ladrão, não estava ninguém, aliás, não estava nada, apenas um enorme buraco no chão, escuro. Alice ficou boquiaberta, que raio fazia um buraco no seu guarda-roupa?! Ainda apanhada de surpresa, gritou lá para dentro, mas só um grande eco se ouvia, estranhamente também o andar de baixo e todo o prédio haviam desaparecido dentro desse buraco. Curiosa, foi à sala buscar o maço e um grande casaco rosa claro e atirou-se para o buraco.
A sensação era de como quem anda nos tubos dos parques aquáticos, sempre a escorregar, mas sem nada se ver, estranhamente sentiu-se a desmaiar e deixou de ver o negro à sua volta.
Sentia-se num sitio macio, abriu os olhos e pôde constatar isso mesmo, mas como era possivel estar num lugar daqueles?!
Era uma espécie de jardim, completamente verde, cheio de plantas, ao levantar-se reparou no enorme tubo de onde havia certamente caído. Mas como? Que sitio era aquele? Seria alguma espécie de floresta na base do seu prédio?
Ao olhar para cima reparou que era de dia e estava um sol abrazador, mas como? Alice estava no exterior, mas onde? A sua cabeça estava confusa, porém, quando um individuo magricela e de cabelo preto comprido lhe passa a menos de um metro de distância e desaparece no meio dos arbustros, Alice passou a ter um objectivo na sua mente confusa, seguir o homem e perguntar-lhe onde estava. Passou pelos mesmos arbustros, mas nenhum homem se encontrava à sua frente, apenas um enorme vale, com uma pequena casa de madeira no centro. Apressou-se a chegar à porta, o homem tinha que estar lá dentro. Ia bater à porta quando reparou que esta estava aberta. Entrou timidamente, como se esperasse que algo a atacasse de repente, porém nada disso aconteceu e o que estava diante dos seus olhos não podia ser mais óbvio. Um homem, de alta estatura, magro e em tronco nú, o seu cabelo era de um preto quase negro, grande e escorrido, quase pela cintura. Estava sentado numa cadeira de madeira, de frente para a porta, como se esperasse a jovem Alice. A casa era toda de madeira, por dentro pouco havia, uma mesa, várias cadeiras e uns papéis estendidos no chão. Alice entrou e ficou em frente ao homem, sem saber o que dizer, mas prontamente o mesmo se levantou e de forma afável cumprimentou a jovem rapariga:
-James Maynard, é um prazer conhecer-te Alice – disse a estranha figura, tentando esboçar um sorriso.
Alice, mal se mexeu, esperava talvez outra recepcção, contudo decidiu ser igualmente simpática:
- Olá, i-igualmente, q-quem és tu? C-como vi eu a-aqui parar? – respondeu de forma confusa.
O homem sorriu mais abertamente e começou a andar à volta da mesa, de forma algo irritante...
- Bem vinda ao País dos Emos, o Mundo que é reinado por Emos e onde quase todos são Emos..quase todos não, felizmente há ainda quem não seja – disse, apontando para ele próprio.
- Há uma professia de que um dia uma rapariga, chamada Alice nos viria salvar, seria capaz de destruir todos os Emos e pior que isso, a rainha dos Emos...- a sua cabeça baixou-se e deixou cair umas timidas lágrimas, que limpou prontamente, quase como se tivesse vergonha do que tinha acabado de acontecer.
- Bem, mas o que interessa é que estás aqui agora e nos vais ajudar a livrar deles, estou aqui para te ajudar Alice.
A cabeça de Alice girava a 500 km por segundo, não sabia o que pensar ou o que dizer, nem como agir...mundo dos Emos? Como era isto cientificamente possivel, teria ela entrado num vortex temporal?
-E-eu não sei o que dizer M-maynard....eu salvar-vos? Mas como?- disse Alice bastante confusa.
Subitamente, os olhos de James abriram-se rapidamente e este só teve tempo de gritar, “BAIXA-TE”.
Entre o tempo em que as cabeças de Alice e James se deslocaram do local superior onde estavam até ao chão, a casa sofreu um choque tremendo, todo o tecto voou literalmente, algo grande e pesado tinha acabado de cortar a ‘cabeça’ á casa.
Ainda meio abalada, Alice abriu os olhos e pôde ver o céu, James segurava a sua mão e olhava para todos os lados, repetindo várias vezes, “Eles estão aqui...eles estão aqui”, quando Alice olhou na mesma direcçao que James, ficou ainda mais horrorizada.
Um pouco ao fundo estava um ser enorme, gordo e musculado e na sua mão um enorme boomerang, quase do tamanho de um elefante.
- São os guardas da rainha, eles souberam que tinhas chegado e vieram-te buscar – disse James, ainda de olhos muito abertos.
- Que fazemos agora James? Aquilo é enorme- respondeu Alice, apontando para o enorme sujeito que se encontrava à sua frente.
- Não te preocupes, quando eu disser, vais correr rapidamente para trás e fugir para aquele bosque.
“CORRE”, mal disse isto, James sacou uma pistola do bolso, era uma
‘Griswold and Gunnison Confederate Revolver’, um revolver do século XIX, o pai de Alice tinha um igual, e disparou de forma ríspida ao estranho e enorme ser. Alice correu como nunca tinha corrido em direcção aos tais arbustros, corria de olhos quase fechados, devido aos inúmeros ramos que se encontravam em volta dos seus olhos, ao longe ouviam-se os tiros e subitamente deixou de se ouvir alguma coisa, excepto a respiraçao ofegante de Alice. Sem que reparasse, escorregou e caiu, tinha-se magoado no joelho, sentia-o a arder. Quando olhou em seu redor exclamou um “ah” de admiração. Era uma bela e linda floresta, com enormes árvores que se estendiam até ao céu, flores enormes e coloridas e uma bela cascata. Porém, mal se conseguia mexer, o seu joelho doía bastante e Alice nao conseguiria caminhar assim.
- Não te mexas, eu trato disso –disse um jovem rapaz, um pouco mais velho que Alice, mas vestido de uma forma que fez Alice recuar. O tal rapaz estava de calças pretas, camisa vermelha, cabelo com franja pintada de vermelho e tinha uma cara claramente Emo, tatuada no braço.
-Pára, eu sei quem tu és, pertences á rainha não é?- disse Alice rapidamente, o rapaz fez uma cara estranha.
-Não....ja fui em tempos dessa legião, da que controla agora o nosso mundo, mas nem sempre os Emos foram maus, houve tempos em que todos viviam em harmonia, mas um dia alguns decidiram obter mais poder e quem não se juntava a eles era morto....eu sou completamente contra tudo isso, apesar de continuar a ser Emo...já agora, sou o Ed e sou amigo do James, sei que já o conheceste. – respondeu o jovem rapaz, fazendo sempre um sorriso muito calmo e muito tranquilo.
-Como está ele?- disse Alice
-Não faço ideia, sei é que temos que cuidar dessa ferida - e dito isto, pos as mãos sobre o joelho de Alice e uma aúra verde encheu o local, subitamente Alice já não sentia dores.
-Obrigado- disse ela sorrindo largamente, e por segundos ficou a olhar o rapaz nos olhos, ate abanar a cabeça e lembrar-se do que tinha a fazer.
Levantou-se e pegou na mão do rapaz, assumindo agora uma posição mais activa, ele fez um gesto positivo com a cabeça e seguiram caminho, em busca do palácio da rainha dos Emos.
Passado um bom bocado, a magnifica floresta, começou a dar lugar a um local tenubrante, sujo e negro, estavam a chegar perto do palácio da rainha, quando o puderam avistar, praticamente já não havia vegetação em nenhum lado, apenas um areal quase vermelho, até o céu estava diferente, com tons de vermelho nas nuvens, e ao fundo, um enorme palácio, completamente tingido de negro.
-É ali que ela se encontra, o palácio é muito bem guardado, mas felizmente eu conheço um caminho- disse o jovem Ed, Alice disse que sim com a cabeça.
Seguiram caminho em direcção ao lado esquerdo do palácio, ao longe uma sombra observava-os...
Num dos lados da enorme muralha negra, Ed conseguiu achar um caminho muito estreito e igualmente escuro, Alice, que era mais alta que Ed, mal cabia nesse local, contudo ainda passava, com algum esforço. Dez minutos depois haviam penetrado na muralha, e encontravam-se agora no interior do enorme palácio, Ed preocupado pega na mão de Alice e corre em direcção a uma porta de madeira.
-Era por aqui, tenho a certeza – repetia ele de forma nervosa, Alice nada dizia.
Subitamente, ao fundo do corredor, um barulho ensurdecedor caiu como uma enorme muralha, era um homem numa armadura vermelha e preta e na sua mão, tinha uma enorme pistola, apontada directamente aos dois jovens.
Ed fez uma cara de pânico e exclamou para Alice, “É o guarda principal da rainha, estamos tramados”. Alice estava também em pânico, tinham sido descobertos e iriam ser capturados.
Minutos depois estavam numa sala igualmente negra, com alguns mantos e luzes vermelhas, estavam presos a uma roda gigante, com pés e mãos atados. Ao fundo estava o cavaleiro, muito sossegado. De repente, a porta abriu-se, Ed disse a Alice, “Deve ser a rainha de certeza, vai converter-nos em Emos do mal”, Alice tinha os olhos muito abertos, não acreditava no que se estava a passar.
A porta abriu-se e a rainha entrou, com um vestio negro e vermelho, toda ela despertava uma aúra horrivel em sua volta, tao horrivel que Alice mal conseguia abrir os olhos, pensar ou sequer falar, era muito gorda e larga.
-Então tu é que vais libertar este mundo do meu reinado? – perguntou a rainha de forma calma, mas pesada.
-Não nos irás conseguir converter bruxa – disse Alice corajosamente, Ed nem queria acreditar que ela tinha dito aquilo.
A rainha aproximou-se e colocou a mão sobre a cabeça de Alice, e sem que esta pudesse fazer algo, começou a drenar-lhe a sua vida. Ed olhava assustado para toda a cena.
Rapidamente tudo mudou, ao som de algo similar a um trovão, o cavaleiro caiu estendido no chão, e das sombras do negro pálacio, saiu um sujeito magro, de tronco nú por baixo da capa preta, cabelo muito comprido, preto e escorrido, era James! Ed reconheceu- o prontamente, e até Alice que estava sobre o efeito da terrivel rainha dos Emos, o reconheceu.
- James! – disse ela, com uma voz fraca.
Ele sorriu e apontou a arma á rainha, dizendo:
- Acabou, acabaste de perder tudo, toda a tua maldade irá desaparecer e os Emos poderão voltar a viver em paz com todas as pessoas deste mundo.
A rainha encontrava-se gelada de pavor, como é que James tinha ali entrado?
- Muitos dos teus seguidores não te são completamente fiéis e foram eles que me ajudaram a entrar neste palácio.
A rainha furiosa, tentou atirar uma bola de energia para James, mas este, ágil como uma gazela, desviou-se e deu lhe um tiro no membro superior direito, a rainha caiu direita no chão. Após soltar Alice e Ed, James chegou-se perto de Alice e disse lhe:
- Obrigado por teres tentado ajudar-nos- e sorriu timidamente.
- Não fiz nada, que queres que faça, é preciso ser eu a matá-la? – perguntou Alice.
James, apontou a arma á cabeça da rainha, agora bastante assustada e disse:
-Não, da minha irmã trato eu.
E o gatilho do seu revólver foi premido, a rainha estava agora morta e subitamente, todo o mundo começou a ficar novamente colorido. As paredes negras do castelo estavam agora pintadas de um azul clarinho, o céu estava azul novamente e as flores começavam a crescer. Lá fora, multidões de pessoas reuniam-se a festejar, Emos, clássicos, todo o tipo de pessoas, estavam todos juntos a festejar.
Era altura de Alice voltar ao seu mundo, deu um grande abraço a James e um beijo timido a Ed, que lhe ofereceu uma fita vermelha, para o cabelo.
Alice, entrou novamente no buraco do qual tinha saido e desmaiou, quando acordou estava deitada na sua cama, com o caderno mágico no seu colo.
Abriu os olhos e pegou nele, teria sido tudo um sonho? Seria o caderno mesmo mágico?
Pegou nele e decidiu tentar, escreveu outra coisa idiota, “ Que eu morra agora com um tiro”, era bastante idiota, mas Alice achava que tudo tinha sido um sonho. Levantou-se e foi até á janela da cidade, estava mais bela do que nunca e Alice apreciava-a mais, algo tinha mudado dentro de ela, de repente, levou a mão ao bolso e tirou de lá uma fita vermelha, o que a fez ficar bastante assustada, porém, nada havia a fazer, um tiro ensurdecedor foi contra ela e empurrou-a contra a parede.
A sangrar, encostada á parede, teve tempo de tirar outra coisa do seu bolso, o maço dos cigarros, pegou num, acendeu-o e deu duas bafadas, foi então que sorriu como nunca havia sorrido, estava feliz, tinha encontrado uma paz interior. A última coisa que Alice viu antes de fechar eternamente os olhos foi o seu maço, onde se podia ler, “Fumar Mata”.

FIM

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Forever Friends

E é agora o momento mais importante de todos. O momento mais esperado que vai ditar os nossos futuros. A expectativa é enorme(como não poderia ser?). A partir daqui tudo muda. Como se diz na física, ''Nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma''. Espero bem que assim seja. Sei que as mudanças são inevitáveis mas acho que morreria todos os dias um bocadinho se vos perdesse a vocês, meus amigos. Seria pouco saudável ser lamexas ao ponto de usar o cliché ''são o meu oxigénio''. No entanto não deixa de ter o seu sentido. É em vocês que encontro força quando penso que tudo está mais-que-perdido, são vocês que não me deixam desistir e me fazem rir quando me apetece chorar. Cada um do seu jeito, da sua maneira mas todos a pouco e pouco, juntos, me levam os medos e afugentam os papões, buscam a minha felicidade e reconfortam-me cada vez mais. Sei que, nem sempre fui a pessoa mais correcta mas estou longe da perfeição. Mesmo assim, se há coisa de que não podem duvidar é que estão todos guardados em mim. Todos os que me puxaram as orelhas, todos aqueles com quem discuti horas a fio por coisas sem importância, todos os que me contrariaram, todos os que me chamaram a atenção, todos os que sempre me ouviram e aconselharam, os que me acarinharam, os que me abraçaram e limparam as lágrimas. Todos os que estiveram sempre lá e que souberam gostar de mim. Como é possível viver sem amigos? Ser-se auto-suficiente? Estar permanentemente isolado e sentir que não se precisa de ninguém? É mais que egoísmo. É ter o mundo inteiro à frente e só olhar para o próprio umbigo.