quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A morte tudo aceita


Tinha a arma dentro da boca e o dedo no gatilho! Bastava uma pequena pressão e acabava tudo ali. Os objectos deixavam de existir, os países de serem países, os planetas de girar.
Para ela deixava tudo de ter razão. No seu Mundo as guerras deixavam de existir, apenas o silêncio, vazio de qualquer sentimento, iria habitar em si. Era isto que ela procurava, o verdadeiro silêncio, a verdadeira ceguêira. A sua mente, o mundo, não lhe permitia tal coisa. Parou! Voltou a guardar a arma. Apenas porque se lembrou dela, a sua razão e doença ao mesmo tempo.
Assumir perante todos que em vez de um namorado se tem uma namorada não é fácil, muito menos aqui. Não aguentava muito mais a pressão do Mundo sobre uma escolha que não tinha sido dela. Refutar tudo seria refutar a sua própria razão de ser, e dessa forma a morte seria mais agradável. Tentara já alcançá-la vezes de mais, contudo o amor que sentia pela pessoa do mesmo sexo fazia com que se sentisse mais forte neste Mundo.
Ao sétimo dia do quarto mês ali estava ela novamente, no cimo daquele prédio, mas desta vez acompanhada da sua vida, o seu amor.
Deram as mãos, sorriram e saltaram juntas.
Foi um salto tão cheio de vida e amor para a morte e a tristeza, no silêncio absoluto de um Mundo que nunca as negará.