quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Génios



Ambos são génios musicais. Ambos têm cabelo comprido. Ambos criaram música dentro de um estilo abusivamente saturado, o rock, e souberam transformá-la em algo novo, inovador e por vezes, assustador. Além de todos estes pontos em comum, Kurt Cobain e Steven Wilson partilham outro dado que, de certo modo, os une, o facto de não quererem o estrelato, de fazerem música para eles próprios e permanecerem fiéis ao que defendem, seja qual for o custo.
O sucesso comercial de Kurt Cobain é claramente superior ao de Steven Wilson, mas isso prende-se com o facto da sua música ser passível de uma maior e mais fácil absorção. Cobain pegou no rock pós-punk e reiventou-o, com letras depressivas e críticas. Steven Wilson retoma o barco deixado pelos Pink Floyd, Genesis e King Crimson, e ele próprio reinventa também o rock progressivo, deixando nele a sua marca tão pessoal.
Tanto Cobain como Wilson são completamente apaixonados pela sua música. Ambos críticam a sociedade capitalista e que apenas se preocupa em consumir, e tentam a todo o custo afastar-se dessas ideias. Cobain e Wilson sempre seguiram as suas ideologias, contudo, a forma como cada um decidiu enfrentar a sociedade de consumo comercial foi totalmente diferente.
Kurt Cobain encontrou no suicidio uma forma de escapar a todo o sucesso que obteve com os Nirvana, enquanto que Steven Wilson nunca deixou que os Porcupine Tree se tornassem num sucesso comercial, recusando vários convites e oportunidades de tocar em palcos maiores.
Desta forma, estes dois génios combateram contra o que mais repugnavam, mas de uma forma bem diferente. Enquanto que um decidiu preservar-se da forma mais pura possível e levar com ele o que tinha, arriscando-se a perder-se na sociedade, o outro apostou em fazer-se de surdo perante algumas instituições e permanecer fiél ao que sempre fora, um génio que apenas quer criar música sem passar para a esfera pública .
Dois génios com caminhos opostos, mas que nos deixam a pensar em algo de grande importâcia. Valerá a pena enfrentarmos uma socidade que cada vez mais se preocupa em comprar e vender, sem olhar à grande qualidade do produto, menosprezando assim o real talento, ou será que devemos a ela sucumbir e tornar-nos nós mesmos um produto comercial, nesse grande comércio que é a vida pública, onde as esferas privadas têm cada vez mais a sua porta aberta?

domingo, 15 de novembro de 2009

nature

We were the children of nature
That lesser god that created us
The angels are water and oxygen
Let's reunite and preserve them well


Since ages we've been worshiping the wrong God
It cannot be similar to a human, 'cause that's the most imperfect something can be
Even a stone or a stick is more perfect
Humans are the children of nature, as it is

God is something that doesn't blame us
That only harms us if we do Him wrong
It is something eternal, peaceful and pure
Nature is God, our God is Earth

Who feed us, who gives us air, who let us be free?
(Nature it is)
We're the children of nature, let it be
Oh God, save us from ourselves

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Echoes


1971 é uma data longinqua para a minha geração(1988). Uma data em que tudo é antigo, tudo é o inicio de algo que agora se faz. Contudo, nesse ano tão distante algo completamente inovador para o ano actual(2009) foi feito! Uma certa banda criou uma certa música, música essa que é uma obra prima da música contemporânea.

Falo da “Echoes”. Não há música mais avançada para a sua época. Posso falar do óbvio, que esta música além de ter uma progressividade inovadora, mistura sons considerados demasiado estranhos para a altura e várias partes numa só música, culminando num final assombroso e mágico. Mas o óbvio não merece grande destaque quando falamos de algo que transcende a própria realidade actual.

É sem dúvida uma música visionária, porque através dela conseguimos sentir(e quase ver) um mundo diferente do nosso, futurístico, mas ao mesmo tempo completamente surreal. Entramos numa nave, que não possuí forma, nem queremos que tenha, e percorremos um caminho parecido a uma viagem, mas que no fundo é muito mais que isso. No decurso da música percorremos mundos completamente diferentes, onde existem sensações mas não existem expressões. Mundos onde não há “comos” nem “porquês”. Há apenas o “sentir”. E que grande sentir é este. Creio que quando Carl Sagan referiu que havia uma grande possibilidade de haver vida extraterrestre não pensou na sua forma mais terrena. Penso que esta “Echoes” é uma prova de que os próprios Pink Floyd criaram algo não humano, algo que não quero denominar de sobrenatural, mas sim algo não comum à criação humana e desta forma algo extraterrestre. Esta afirmação pode ser demasiado irrisória, ou metafórica, mas é objectiva como pretendo que seja.

A viagem pela “Echoes” continua e sentimos o reflexo de todos esses novos mundos, sentimos que devemos ir ao encontro do que realmente procuramos, sem colocar grandes perguntas, apenas porque é o correcto a fazer, é aquilo que sentimos.

“Echoes” dos Pink Floyd, é assim uma viagem pelo desconhecido que se encontra dentro de nós próprios, transfigurando um mundo extraterrestre em algo do nosso próprio sentimento, incentivando ao sonho e a uma realidade que é impossivel conhecer-mos na totalidade, sejamos de 1971, de 2009, ou até mesmo de 3000.

Para sempre uma música do futuro!