quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fugir aos problemas + Revoltas sociais

Comecei cedo a questionar-me sobre o que poderia fazer para alterar qualquer coisa na sociedade. Na referida altura não tinha "armas" para tal e então nada fiz. Depois agarrei-me às pessoas e tentei dar-lhes o que precisavam, alguém para as ouvir. Desenvolvi várias amizades, com algumas pessoas demasiado diferentes de mim. Com toda esta envolvência cresci e aprendi a aceitar certos pontos de vista. Alterei também a minha forma de pensar. Como sou um ser humano errei várias vezes e muitas vezes continuei tentar movimentar as coisas e pessoas à minha volta, conforme me sentia mais confortável. Mas não me preocupei com uma coisa que é essencial: saber falar dos meus problemas.
Os meus amigos conhecem-me bem, mas ao mesmo tempo não conhecem muitos dos meus problemas ou formas como realmente penso. A culpa não é deles, muitos tentaram mas eu sempre fugi. Este é um dos meus problemas, fugir aos meus problemas.
Habituei-me a ouvir os problemas dos outros e de certa forma a aprender com eles. Creio que aprendi muito, mas ainda me falta aprender muito mais.

Outro assunto a debater é o dos futuros pós-apocalipticos, ou seja, daquelas representações filmicas ou literárias de mundos devastados pela guerra e revolta humana. Manifestações sempre aconteceram, talvez mais do que as que estão a acontecer agora. Porém, por vezes questiono a capacidade de certas pessoas de "prever" o futuro.
Há uma obra fascinante que penso que deverá ser vista por todas as pessoas que se queiram informar mais do mundo. Para aqueles que não gostam de animação japonesa, vale a pena esquecer um pouco esse preconceito. Não se foquem também nas questões ficcionais do filme em questão, mas sim nas sociais, e terão à vossa frente uma visão incrivel do futuro, de forma dura.
Falo de Akira, a obra de Katsuhiro Otomo.
No link abaixo podem dar uma vista de olhos na obra e se ficarem com curiosidade vejam o filme na totalidade.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Alma Portuguesa






Portugal sempre teve um destino cruel. Fosse nas cruzadas, na colonização, em viagens pioneiras ou até mesmo no futebol. A bem ou a mal o povo Português habitou-se a quase "chegar lá", mas a nunca ter realmente algo, nem chegar realmente a um objectivo grandioso.
É verdade que historicamente Portugal foi um dos Impérios mais importantes, tanto a nível marítimo como visionário a nível intelectual. Se é verdade que andámos pelas Índias, Japão, Américas, cabos disto e daquilo, também é verdade que "inventámos" a via verde, a Passarola (não confundir com...esqueçam), fizémos a primeira travessia do Atlântico Sul, entre outras coisas fantásticas.
Tivemos territórios vastos em África, América, Ásia, e um Império imenso. A verdade é que nunca fomos capazes de triunfar e finalizar realmente essas conquistas, e o que hoje temos delas nada mais é do que uma troca amistosa e algo forçada de culturas já um pouco díspares da nossa.
A mentalidade geral dos Portugueses é pessimista, nunca conseguimos fazer isto ou aquilo, mas historicamente fomos um povo de descobertas. Porém, faltou-nos sempre a finalização.
Hoje, dia 17 de Novembro de 2010, não nos faltou finalização nenhuma, e isso deve-se a um treinador com uma metodologia pouco portuguesa, que tenta inverter a ideia de "ah, fazemos só assim e chega". Hoje, numa das únicas vezes na nossa história, conseguimos realmente finalizar. Mas mais uma vez, não vale de muito, a não ser para abanar um pouco o animo dos portugueses sempre infelizes e pessimistas.
Basta ter uma noção básica para saber que Portugal sempre teve bons jogadores de futebol, mas em nenhuma geração conseguiu realmente ser a melhor equipa. Pela primeira vez, eu como Português e apoiante a fundo da selecção Francesa, vejo algum futuro para a selecção nacional.
E quem conseguiu construir este futuro não foi Cristiano Ronaldo, o melhor do Mundo, nem todas as outras estrelas que Portugal sempre teve (exemplos de Figo, Rui Costa e João Pinto, jogadores fantásticos), mas sim um treinador humilde mas ambicioso, controlado mas que gosta de arriscar.
Paulo Bento é hoje em dia um sinal claro de um bom futuro para o povo Português, o de pararmos de ser pessimistas e enfrentarmos realmente a realidade, com boa disposição, trabalho árduo e dedicação. Tudo isto metaforicamente, claro...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bons e Maus profissionais


Ser ou não um bom profissional depende do quanto nos esforçamos para alcançar os nossos objectivos, do quanto tentamos ultrapassa-los e alcançar novos objectivos, criar outros e por vezes inventar. Depende do quanto insistimos em algo, do quanto pesquisamos sobre algo, do quanto estamos dispostos a dar a esse projecto, de forma a que consiga evoluir e progredir.
Isto não é novidade.
Por vezes o trabalho que fazemos nao é notado pelos outros, pelo menos da mesma forma. Não posso pois criticar objectivamente o trabalho de alguém que não sei em qu moldes é que realmente trabalha, mas posso dar a minha opinião, que entendo como não objectiva.
Desta forma, posso chegar ao objectivo deste texto: Competência de Paulo Sérgio (treinador do Sporting) e de André Villas Boas (treinador do Porto).
Ambos são jovens, ambos dão a cara pelo clube e mostram ambições elevadas. Os clubes têm culturas muito diferentes e também por isso o modo de evolução de cada treinador e do seu trabalho é diferente.
Porém, é em situações de alerta, urgência, ou surpresa, que vemos a verdadeira qualidade de um bom profissional.
Numa situação futebolistica, um bom profissional (falando de um jogador), é alguém que consegue competentemente fazer qualquer posição em campo, que consegue coordenar uma equipa e aumentar o esforço fisico se necessário. O mau profissional é o que se limita a fazer o que lhe é pedido, o que só sabe funcionar de uma forma, e o que não é capaz de fazer pela equipa em vez de fazer por ele mesmo. Dentro deste segmento temos o exemplo de vários jogadores com qualidades técnicas inferiores a outros, mas que pelo seu esforço e dedicação conseguiram alcançar muito.
Voltando novamente ao tema dos treinadores, o Sporting - Vitória de Guimarães e o FC Porto - Benfica, foram retratos fiéis de um bom e um mau profissional.
Do lado do mau profissional temos alguém que não sabe claramente motivar um conjunto (falo de Paulo Sérgio), que não consegue criar coesão, muito menos em situações de urgência. É inacreditavel que uma equipa como o Sporting, numa situação de 10 jogadores para 11, não consiga gerir o jogo em menos de 20 min de forma a que não sofra 3 golos. Qualquer plantel deve ser treinado constantemente para essa eventualidade, porque é uma possibilidade imensa para qualquer equipa a de ficar com menos um jogador em campo. É necessário um trabalho extra, nos treinos, para remediar essas situações, criando novas tácticas e definindo novas posições, de forma a que o conjunto funcione pelo menos minimamente. Culpar o Maniche pela derrota contra o Guimarães é ser cego e não olhar para o verdadeiro problema: a gestão da equipa e do colectivo.
Por outro lado, o Porto consegue ter uma capacidade de gestão imensa, adaptada ao seu novo treinador, Villas Boas. Este jovem mostra já uma visão muito mais táctica e de um grande conhecimento posicional, capaz de prever situações e lances, e antecipar-se a certas situações.
Os jogadores são certamente diferentes, mas Villas Boas tem um trabalho primoroso nos treinos, cuidando de todas as situações possíveis como Mourinho faz. E os resultados estão aí.
Derrotar o Benfica por 5-0 não é um resultado ao acaso, também não é por completo mérito dos jogadores. É porque existe alguém forte a comandar a equipa e que sabe como e quando agir.
É esta a diferença entre um bom e um mau profissional.

domingo, 7 de novembro de 2010

Dias tristes em Alvalade


Ser Sportinguista nos últimos anos é ter alegrias com as derrotas do Benfica e do Porto, e não com as vitórias do meu clube. Sim, sou Sportinguista. Sei que actualmente é cruel, mas é um amor que já não me foge.
Nunca fui do tempo de um "grande" sporting. Fui sim do tempo de um Sporting correcto, de um clube com uma imagem limpa. Infelizmente, actualmente envergonho-me da imagem do meu clube, não pelos resultados, porque esses são naturais dada a má gestão do clube, mas sim pelos seus dirigentes, treinadores e alguns jogadores.
Sinto-me um pouco vilão ao criticar o meu próprio clube, mas prefiro descer um pouco abaixo para nos erguermos novamente em força, do que continuar a peneirar pela tristeza do jogo do Sporting, semana após semana.
O meu presidente é a clara fraca imagem de comando de um clube completamente perdido, ao qual nem o patrão Costinha, que em tempos foi um bom jogador, consegue erguer. Aliás, Costinha tem sido um dos problemas do meu clube. O Sporting é um clube naturalmente "fino", que sem ser de elite segue certos padrões (talvez por isso não vença). Ver alguém a tentar incutir um espirito cegasmente portista e autoritario no meu Sporting é como introduzirem o comunismo no país. Está errado.
Perdidas as imagens de marca do clube ( Paulo Bento, João Moutinho, Miguel Veloso, Pedro Barbosa e Sá Pinto), resta agora penar com outras imagens que nada têm a ver com a cultura sportinguista ( Bettencourt, Costinha, Maniche, etc).
Enquanto não houver limpeza, continuam os dias tristes em Alvalade. É uma pena...