terça-feira, 19 de janeiro de 2010

The Road


O próprio titulo deste filme é uma metáfora. A vida é uma estrada finita que seguimos, desconhecendo o que nos irá aparecer à nossa frente. Em "The Road", passa-se exactamente o mesmo. Os protagonistas avançam desconhecendo em absoluto o que se irá seguir. O filme procura ajudar-nos a entender o significado do nosso percurso, tendo como base o sofrimento humano a um nível bastante elevado. Questionando-nos sobre factos simples, como a importância que damos às pequenas coisas, ou factos complexos, como a verdadeira questão da vida: será o caminho que seguimos o realmente correcto?
O desespero do mundo real é tal que o pai ensina ao filho uma maneira de se suicidar, caso tudo desapareça. O mundo é negro e sem uma gota de esperança. A mensagem ambiental não é metafórica, nem se traduz pelo uso de simbolos. É aquilo que vemos e que sentimos.
Os constantes flashbacks, os actos de canibalismo e o confronto entre um possivel suicidio e viver neste mundo sombrio, são factores que nos emergem numa nuvem negra de desespero e questões morais transcendentes a tudo o resto. Não há forma de esconder que "The Road" é o exemplo claro de um verdadeiro futuro negro. Não há heróis como em Mad Max, não há amizade e esperança como em "Terminator", não há máquinas do tempo como em "12 monkeys". Há apenas o que existe, o real. Esta é das poucas vezes que um filme pós apocaliptico se aproxima tanto da vida real que conhecemos.
Até que ponto a sobrevivência vale a pena num mundo completamente destruido e sem hipotese de retorno? De que nos serve caminhar por um mundo devastado e vazio, onde só existe crueldade e nada mais poderá nascer? "The Road" explica-nos tudo isto, ou faz-nos pensar nisto.
Os flashbacks são como os nossos pensamentos passados, simbolizam o que de bom ou mau se passou connosco numa determinada altura, sempre de forma natural.
Todo este péssimismo e dramatismo resulta de forma perfeita. Quando há algo um pouco menos negativo, nós como espectadores sentimos um enorme alivio e uma grande felicidade pelos protagonistas. Embora saibamos que a crueldade é a única matriz deste mundo tão real.
Os flashbacks limitam-se a aumentar ainda mais o nosso desespero. Pois são sempre curtos, tanto nas partes felizes como tristes.
Tocante do ponto de vista relação pai-filho. Tocante do ponto de vista da humanidade e do sofrimento. Cruelmente tocante por ser uma possibilidade futura para o nosso mundo.
Além de todas estas temáticas, também o facto de as crianças procurarem relacionamentos, a felicidade, a amizade em todas as coisas, é explorada de forma bastante simples.
A realização é soberba, acompanhando o estilo sombrio do filme, com planos distantes e correctos. A fotografia envolve-nos num mundo cinzento, em que não existe um pingo de cor(esperança).
"The Road" é um dos filmes mais expantosos dos últimos anos. Kodi Smit-Mcphee tem um papel fantástico para um miúdo da sua idade.Viggo Mortensen tem aqui a sua melhor representação de sempre, interpretando um homem que nos ensina realmente algo, neste nosso mundo coberto de riqueza desmedida e pobreza infinita. Ensina-nos que a felicidade não se encontra no que podemos alcançar, mas no que realmente temos. E o que temos é a nossa familia, os nossos amigos e nós próprios.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

It's life or death


Sergeant JT Sanborn: I'm ready to die, James.
Staff Sergeant William James: Well, you're not gonna die out here, bro.
Sergeant JT Sanborn: Another two inches, shrapnel zings by; slices my throat- I bleed out like a pig in the sand. Nobody'll give a shit. I mean my parents- they care- but they don't count, man. Who else? I don't even have a son.
Staff Sergeant William James: Well, you're gonna have plenty of time for that, amigo.
Sergeant JT Sanborn: Naw, man. I'm done. I want a son. I want a little boy, Will. I mean, how do you do it, you know? Take the risk?
Staff Sergeant William James: I don't know. I guess I don't think about it.
Sergeant JT Sanborn: But you realize every time you suit up, every time we go out, it's life or death. You roll the dice, and you deal with it. You recognize that don't you?
Staff Sergeant William James: Yea... Yea, I do. But I don't know why.
[sighs]
Staff Sergeant William James: I don't know, JT. You know why I'm that way?
Sergeant JT Sanborn: No, I don't.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A música de antes e a música de agora

Antes Santana era livre.
Nos anos 60 e 70 surgiu música sem regras, totalmente inovadora para a época. Génios como Pink Floyd, Genesis e Santana criavam assim estilos musicais livres, cujo único objectivo era"criar". Dando essa liberdade a esses "génios", a sua música desenvolvia-se de uma forma imensamente própria, sempre ligada ao artista. Cada música tinha a personalidade de quem a tocava, compunha e escrevia. Não era um acto de outrém, ou de alguém completamente alheio ao seu proecesso artístico. Fazer música na década de 60 e 70 era partir do princípio. Era recusar críticas e aceitar apenas a veia artística, sem tecto, sem limites.
Actualmente aconteceu um pouco o contrário do que se previa. A música tende-se a formar por estereótipos e a liberdade creativa livre deixou de ter sucesso ou mesmo de existir. Quem quiser aplicar a sua genialidade tem que o fazer segundo certos parâmetros, certas características mais ou menos estereótipadas que, naturalmente, condicionam o génio do artista, limitando-o a todos os níveis.
Pode os leitores achar um exagero. Contudo, imaginem Eddie Vedder, Steven Wilson, Billy Corgan, Jack White e tantos outros nas décadas de 60 e 70. Numa época onde a liberdade musical existia concretamente, apesar de nem sempre bem aceite,. Numa época onde os génios tinham realmente espaço para serem génios.
Antes Santana era livre...

Qualidade

"O motard português Hélder Rodrigues colocou-se hoje a 52 segundos do terceiro lugar do rali todo-o-terreno Dakar-2010."

"Zachary Mainen, cientista da Fundação Champalimaud, acaba de ganhar uma bolsa de €2,3 milhões do European Research Council, tornando-se no segundo cientista a trabalhar em Portugal a conquistar o maior prémio científico europeu."

"Marco Neiva não fez nenhum "Avatar" - nem perto disso - mas criou uma empresa de produções 3D em Viana do Castelo e não lhe tem faltado trabalho."

Estas são três notícias avançadas pelo jornal "Expresso", que demonstram que Portugal não é só o passado, Portugal não é só futebol. Portugal detém a máxima qualidade, tanto no seu povo português, como nas pessoas que vêm de fora para contribuir positivamente na nossa evolução.
Chega de nos queixarmos do nosso país. É tempo de cada um de nós lutar por fazer melhor!



sábado, 9 de janeiro de 2010

City and Colour













"So save your scissors

For someone else's skin
My surface is so tough
I don't think the blade will dig in
Save your strength

Save your wasted time
There's no way that I want you to be left behind
Go on save your scissors
Save your scissors"

É isto que Dallas Green canta. Letras cheias de sentimento, com metáforas directas e objectivas, mas com um profundo sentido emocional.
Se fosse só por isto, Dallas Green era apenas mais um músico, como tantos outros.
É o tom desesperante e ao mesmo tempo intimo, que nos toca tão profundamente.
Dallas Green cria letras fantásticas, sobre a problemática do amor, tanto do ponto de vista positivo como do negativo. Mas é na sua voz que reside a sua magia. Na forma como coloca as palavras numa entoação tão profunda, tão especial que nos toca a todos.
Dallas Green transmite-nos os sentimentos pretendidos da forma mais directa possivel, cantando-nos o que sente da forma que o sente.
Este é o verdadeiro sentimento, este é Dallas(City) Green(Colour).
Um génio a ter em conta.
Aconselho: Save Your Scissors; Comin' Home; Hello I'm in Dellaware; Waiting; The Girl; Like Knives.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os melhores de 2009 em várias áreas

Artista Musical a Solo de 2009:
Dallas Green (City And Colour)













Banda de 2009 e Melhor Concerto de 2009:
Dave Matthews Band - Alive 2009



















CD de 2009:
Porcupine Tree - The Incident















Melhor Actor de 2009:
Mickey Rourke - The Wrestler, Darren Aronofsky














Banda Portuguesa de 2009:
Iconoclasts - Lisboa













Melhor Canal de Televisão Nacional de 2009:
RTP2









Melhor Programa de TV em Portugal de 2009:
5 para a meia-noite














Dallas Green
é, a meu ver, um dos melhores músicos da actualidade. As suas letras são emocionais e cheias de sentimento, com traduções simplificadas de emoções humanas tão complexas, como o amor e o ódio. A sua simplicidade em palco, aliada a uma enorme humildade tornam Dallas Green uma figura a seguir. É músico no seu estado mais puro, para qualquer ouvinte.

O concerto de Dave Matthews Band no Alive foi sem dúvida o melhor da minha vida. É inacreditável a qualidade musical que existe naquela banda. Desde o espantoso baterista, ao violinista, guitarrista, baixista e ao novo saxofonista, esta banda junta alguns dos melhores músicos da actualidade, criando uma musicalidade que vai desde o puro rock ao blues, jazz, funk e hard rock! Dave Matthews completa o circuito, com a sua energia imensa na voz e a sua figura tão representativa quanto simples. A meu ver, a grande banda desta década!
Os Porcupine Tree continuam a fazer bater o coração do rock progressivo, legado deixado por bandas como Pink Floyd ou Genesis. Desengane-se quem pensa que ficarão atrás. É um erro. Este The Incident é a prova viva de que os Porcupine Tree são, na actualidade, a melhor banda de rock progressivo em actividade e sem dúvida uma das mais visionárias, através do génio de Steven Wilson.
Mickey Rourke desempenha um papel tão complexo quanto ingrato. Rourke é um wrestler solitário, perdido numa vida vazia e com pouco mais para oferecer. Desempenho excepcional, tanto do ponto de vista emotivo, onde Rourke nos faz sentir temor pela sua solidão extrema, ou do ponto de vista real, onde Rourke se interpreta a si próprio.
Do ponto de vista musical os Iconoclasts não nos trazem nenhuma inovação. Músicas energéticas, com refrões que ficam na cabeça e uma sintonia imensa dos seus intstrumentos, são alguns dos pontos positivos para quem ouve Iconoclasts em casa. Contudo, em concerto tudo muda. A energia passa a loucura, a sintonia passa a uma simbiose perfeita entre cada um. As duas vozes combinam-se de forma a criar apenas uma alma e o caos é lançado. É ver para crer, o que esta banda consegue fazer em palco, sendo que a energia nunca acaba o sentimento d eunião vai ficando sempre mais forte. Um exemplo para quem ainda dá concertos parado.
Escolho a RTP2 para melhor canal de 2009 não porque veja muita TV, mas sim porque me apercebi que é o canal nacional que oferece maior qualidade. Desde filmes menos comerciais a programas culturais de imenso interesse, a RTP2 trouxe-nos em 2009 muito do melhor que se faz em Portugal. De referir também o apoio a novos projectos, tanto musicais como cinematográficos, para programas de grande qualidade. Algo que se espera que continue a evoluir e que tanto é necessário.
O programa 5 para a meia-noite é eleito um pouco como fiz com o canal rtp2. Não sou de ver muita televisão, mas este programa foi capaz de me prender e fazer o que nenhum programa me conseguia fazer há muitos anos! Obrigar-me a ir para a frente da TV a uma hora marcada! E isto todos os dias. É um programa descontraído, com uma boa disposição exemplar, mas que nos trás grandes personalidades, que têm quase sempre algo muito interessante para nos oferecer, seja esta ou aquela história ou experiência de vida.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Os melhores filmes de 2009














1 - The Hurt Locker, Kathryn Bigelow
Este filme de guerra explora a densidade humana do seu personagem principal, numa situação opressiva e dramática. Ao contrário dos demais filmes guerra, a guerra em si fica em segundo plano e serve apenas de contraste para a personalidade do protagonista, completamente viciado em adrenalina, mas com um limite completamente descontrolado entre a sua humanidade e a parte natural da violência.
The Hurt Locker é um filme que puxa os seus protagonistas até ao limite extremo do que é possível aguentar, mesmo para um soldado. Sem dúvida o filme do ano de 2009, tanto pela sua parte técnica, tão bem estruturada e adequada, como pelos seus personagens densos e humanamente construídos, não como peões na sua guerra, mas como o coração dessa própria guerra.














2 - The Wrestler, Darren Aronofsky
The Wrestler explora a solidão no seu ponto mais extremo. Um homem que já tinha perdido tudo volta a ganhar algo na vida, um objectivo, uma razão para se motivar. As relações neste filme são tratadas de uma forma exemplar e que nos levam à lágrima com toda a facilidade. Um filme onde Mickey Rourke tem uma das interpretações da década, representando um homem na solidão extrema que todos tememos.
Aronofsky realiza este filme dramático, demonstrando mais uma vez que é um dos grandes realizadores do novo cinema.















3 - Gran Torino, Clint Eastwood
Eastwood realiza e protagoniza este drama que incide sobre uma temática bastante importante: quais são os objectivos da nossa vida e até que ponto devemos fazer sacrificios para os realizar?
É o último filme de Eastwood como actor e que interpretação brilhante. É um filme que questiona porque estamos neste mundo e explora um ser humano único que possuí dentro de si a capacidade para interpretar todas as situações, resolvendo-as com a compaixão ou desorientação que lhe é própria.














4 - Redbelt, David Mamet
Redbelt saiu directamente para DVD, portanto a sua passagem por Portugal não foi muito sentida, contudo estamos perante uma obra imensa e magnifica.
Redbelt retrata o sofrimento do seu protagonista de uma forma exemplar, levando-o ao extremo da suas emoções como ser humano.
Um dos melhores filmes de 2009, pelo seu argumento tão audacioso e pelas representações apaixonantes.















5 - Two Lovers, James Gray
Um dos romances desta década, onde Joaquin Phoenix tem também uma das interpretações da mesma. Representando um ser completamente perturbado e incrivelmente complexo, este filme une um triângulo amoroso, composto por três personagens densas e dramáticas, onde conflitos e emoções surgem em catadupa, sempre de forma tão natural. James Gray é um dos realizadores do momento, capaz de captar momentos dramáticos puramente sentidos por qualquer pessoa e ser capaz de conjugar planos de génio com sequências de imagem completamente absorventes.














6 - Coraline, Henry Selick
O novo filme de Henry Selick está para mim muito à frente de o Estranho Mundo de Jack. A nível gráfico a evolução é natural, sendo que as animações têm agora uma evolução digital.
Mas este filme ganha pelos seus personagens. Cada um é construído com metáforas e estereótipos, mas com um sentido. Não são apenas marionetas que dançam em volta do argumento. Coraline é uma rapariga como qualquer outra, num mundo completamente louco e bizarro, mas ao mesmo tempo único e apaixonante.















7 - The Curious Case of Benjamin Button, David Fincher
David Fincher é um dos génios da realização do cinema actual. Fincher sempre se demarcou pelo seu estilo tão próprio, negro, sombrio e decadente. Neste Benjamin Button, a essência de Fincher continua presente, mas o dramatismo é completamente diferente de todos os filmes anteriores de Fincher. É um filme genial do ponto de vista argumentativo, com uma história tão única e especial e personagens que nos apaixonam a cada cena. Brad Pitt é caracterizado de forma brilhante e dá uma alma imensa a este Button-Fincher.



















8 - Up, Pete Docter
A disney pixar voltou a fazer uma obra prima. Up não é um filme para exclusivamente para crianças. É um filme infantil com metáforas adultas e uma mensagem directa sobre o que é envelhecer, o que é perder alguém na vida e como é que devemos ultrapassar tudo isso. Up ensina-nos a crescer e a evoluír.













9 - Ponyo on a cliff by the sea, Hayao Miyazki
Miyazaki é para mim o génio do cinema de animação. Cada filme seu é uma fábula de magia e fantasia. Este Ponyo não foge à regra. Apesar de ser para um público mais jovem, continua a possuir todo o conteúdo tão próprio de um filme "Miyazekiano". A sua paixão pela natureza, as relações entre crianças e adultos e o amor.















10 - Doomsday, Neil Marshall
Este 10º lugar é um prémio para um filme que exijo destacar. Além de Tarantino e Rodriguez de pouco vive o cinema de Série B da actualidade. Este Doomsday é um dos exercicios mais puros desse género. Completamente sangrento, com acção non-stop, sem perguntar onde e porquê. Contudo, não é um filme vazio de acção, não é um blockbuster. Apesar da história banal, tem personagens completamente originais e que se desenvolvem da forma mais inesperada ao longo do filme. Do realizador que nos deu o grande The Descent, um dos meus filmes de terror preferidos.